domingo, 29 de janeiro de 2012

Rush no Estádio Morumbi 06-10-2010

TIME MACHINE TOUR

Após mais de vinte anos de espera, tive a oportunidade de assistir o Rush ao vivo. Foi a realização de um sonho, literalmente. Vieram na turnê “Time machine”, comemorando os trinta anos de lançamento de seu disco de maior sucesso (e o melhor), “Moving pictures”. Parte do show foi tocar ele na íntegra, e na mesma sequência do cd. Além disso, tocaram Presto, nunca antes tocada ao vivo, e duas que estavam fora dos shows há muito tempo, Marathon e Time stand still. Duas inéditas que estarão no próximo cd também fizeram parte do set, Caravan e BU2B, que comentarei depois. As vinhetas de abertura, com eles fazendo diversos papéis, eram divertidas e tinham tudo a ver com o clima de alegria e descontração entre os presentes. Esse é um segredo que somente os milhões de fãs da banda sabem: Rush é uma banda com letras excelentes, boas músicas e melodias, e divertida! Muitos (coitados/ignorantes) pensam que se trata de uma banda que faz músicas difíceis de tocar, e nada mais. Grave engano. No show as pessoas sorriam e cantavam junto, além do clássico “air-drumming”, que acontece em todos os shows. Não conheço nenhuma banda que provoque esse efeito, dezenas de pessoas tocando bateria no ar, junto com as músicas. Lindo! O show foi impecável, com um único erro na volta de uma das viradas de bateria, logo consertado, que fez muitos comentarem, no show e na rede, “ah, ele é humano!”. O tema máquina do tempo estava presente em tudo no palco, com os telões no estilo de televisões antigas, e a melhor bateria que Neil Peart já teve, na minha opinião. Após o show em São Paulo, seguiram para o Rio de Janeiro, e de lá para Buenos Aires, sendo que Neil Peart foi de moto! Um pouco sobre isso é contado no seu livro “Far and away: a prize every time”.  Uma das músicas novas se chama “BU2B”, abreviação de “Brought up to believe”, cujo tema merece comentário, pois acho que até mesmo alguns fãs devem desconhecer a história (é contada no livro “Traveling music: the soundtrack of my life and times”, claro, de Neil Peart). Numa de suas viagens de bicicleta pela Áfica, Neil tomou banho num rio (não lembro em qual país). Lembrava que não era aconselhável, mas o calor de lá e um longo trajeto em bicicleta pesaram. Algum tempo depois, já no Canadá, passou muito mal e foi ao hospital, e depois ao centro de diagnóstico e tratamento de doenças tropicais, onde foi medicado, fez exames e, sem diagnóstico, voltou para casa. Alguns dias depois, se preparava para gravar e passou mal novamente. Enquanto decidia o que fazer, pegou uma enciclopédia para ver o que dizia sobre Schopenhauer. Ele lembrava que, anos antes, havia lido uma frase dele: “qualquer que seja o sofrimento que uma pessoa experimenta, ela merece”. Já naquela época, antes de ter passado pelas tragédias que sofreu, escreveu um comentário num caderno: “que idiota”. Ao passar as páginas fazendo a busca por ordem alfabética, passou por “Schistosomiasis” (esquistosomose). Parou e, ao ler os sintomas, telefonou para o médico e lhe contou, tendo como resposta “é possível, venha para fazermos exames”.  A doença pode ser fatal se não tratada. Foi confirmado o diagnóstico e feito o tratamento. Depois, conversando com o médico, o mesmo disse “ainda bem que descobrimos”, e ele pensou “descobrimos? eu descobri!”. Ao contar essa história, ele termina dizendo, “saí disso com menos admiração pelos médicos, mas aprendi que até um filósofo ruim pode salvar sua vida”. A letra de BU2B fala dessa frase de Shopenhauer e de pessoas que têm postura apática frente ao sofrimento, por serem levadas a acreditar que “é o destino”. No show as músicas Faithless, BU2B e Freewill foram tocadas em sequência, devido a tratarem de temas relacionados (a importância de tomar suas próprias decisões e viver seguindo as próprias escolhas, em lugar de viver como outras pessoas dizem que se deve viver). Foi um show inesquecível, e espero que voltem logo para o Brasil.









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