domingo, 21 de outubro de 2012

Villa General Belgrano


Hoje escrevo sobre Villa General Belgrano, lugar que visitei em 2010, a caminho de Intiyaco (mas essa será outra postagem). Situado no Vale Calamuchita, nas colinas da província de Córdoba, a aproximadamente 750km de Buenos Aires, Villa General Belgrano é um povoado com estilo arquitetônico e culinário típico da Europa central. O estilo começou a ser desenvolvido em 1932, com a chegada de imigrantes alemães, suíços e austríacos. Lá ocorrem diversos eventos tradicionais, que atraem bastantes turistas. Entre eles a “Festa Nacional da Cerveja” (Oktoberfest), a “Festa Nacional do Chocolate Alpino” e a “Festa Nacional da Massa Vienesa”. A população é de pouco mais de 6000 habitantes. Devido à localização e à altitude (700m), as estações são bem definidas. O verão é quente e o inverno frio, podendo nevar. Trata-se de um povoado pequeno e voltado para o turismo, com produção artesanal de diversas cervejas, chocolates, queijos, geleias e frios (presuntos, salames, etc.), além de artesanato. Este último também é influenciado pelo estilo e história de países da Europa central. Do artesanato, o que mais gostei foram as canecas com escudos tradicionais. As mercearias têm iluminação bastante cuidada e são muito bem arrumadas. Olhando para todos os queijos e geleias caseiras, é fácil imaginar-se obeso e feliz. Também existem cervejas e vinhos de todos os tipos. A arquitetura do povoado inteiro segue o mesmo padrão, provavelmente obrigatório, o que inclui a delegacia, bancos e consultórios médicos. Muito interessante. O povoado é pequeno e está cercado por montanhas, o que torna a vista do final das ruas belíssima e combina perfeitamente com o estilo de lá.Para quem gosta do estilo e de montanhas, vale muito a pena visitar.
Desde Buenos Aires são 50 minutos em avião até Córdoba, depois 90 min. de carro. De ônibus são 11 horas.
http://www.villageneralbelgrano.info/index.html















domingo, 29 de janeiro de 2012

Rush no Estádio Morumbi 06-10-2010

TIME MACHINE TOUR

Após mais de vinte anos de espera, tive a oportunidade de assistir o Rush ao vivo. Foi a realização de um sonho, literalmente. Vieram na turnê “Time machine”, comemorando os trinta anos de lançamento de seu disco de maior sucesso (e o melhor), “Moving pictures”. Parte do show foi tocar ele na íntegra, e na mesma sequência do cd. Além disso, tocaram Presto, nunca antes tocada ao vivo, e duas que estavam fora dos shows há muito tempo, Marathon e Time stand still. Duas inéditas que estarão no próximo cd também fizeram parte do set, Caravan e BU2B, que comentarei depois. As vinhetas de abertura, com eles fazendo diversos papéis, eram divertidas e tinham tudo a ver com o clima de alegria e descontração entre os presentes. Esse é um segredo que somente os milhões de fãs da banda sabem: Rush é uma banda com letras excelentes, boas músicas e melodias, e divertida! Muitos (coitados/ignorantes) pensam que se trata de uma banda que faz músicas difíceis de tocar, e nada mais. Grave engano. No show as pessoas sorriam e cantavam junto, além do clássico “air-drumming”, que acontece em todos os shows. Não conheço nenhuma banda que provoque esse efeito, dezenas de pessoas tocando bateria no ar, junto com as músicas. Lindo! O show foi impecável, com um único erro na volta de uma das viradas de bateria, logo consertado, que fez muitos comentarem, no show e na rede, “ah, ele é humano!”. O tema máquina do tempo estava presente em tudo no palco, com os telões no estilo de televisões antigas, e a melhor bateria que Neil Peart já teve, na minha opinião. Após o show em São Paulo, seguiram para o Rio de Janeiro, e de lá para Buenos Aires, sendo que Neil Peart foi de moto! Um pouco sobre isso é contado no seu livro “Far and away: a prize every time”.  Uma das músicas novas se chama “BU2B”, abreviação de “Brought up to believe”, cujo tema merece comentário, pois acho que até mesmo alguns fãs devem desconhecer a história (é contada no livro “Traveling music: the soundtrack of my life and times”, claro, de Neil Peart). Numa de suas viagens de bicicleta pela Áfica, Neil tomou banho num rio (não lembro em qual país). Lembrava que não era aconselhável, mas o calor de lá e um longo trajeto em bicicleta pesaram. Algum tempo depois, já no Canadá, passou muito mal e foi ao hospital, e depois ao centro de diagnóstico e tratamento de doenças tropicais, onde foi medicado, fez exames e, sem diagnóstico, voltou para casa. Alguns dias depois, se preparava para gravar e passou mal novamente. Enquanto decidia o que fazer, pegou uma enciclopédia para ver o que dizia sobre Schopenhauer. Ele lembrava que, anos antes, havia lido uma frase dele: “qualquer que seja o sofrimento que uma pessoa experimenta, ela merece”. Já naquela época, antes de ter passado pelas tragédias que sofreu, escreveu um comentário num caderno: “que idiota”. Ao passar as páginas fazendo a busca por ordem alfabética, passou por “Schistosomiasis” (esquistosomose). Parou e, ao ler os sintomas, telefonou para o médico e lhe contou, tendo como resposta “é possível, venha para fazermos exames”.  A doença pode ser fatal se não tratada. Foi confirmado o diagnóstico e feito o tratamento. Depois, conversando com o médico, o mesmo disse “ainda bem que descobrimos”, e ele pensou “descobrimos? eu descobri!”. Ao contar essa história, ele termina dizendo, “saí disso com menos admiração pelos médicos, mas aprendi que até um filósofo ruim pode salvar sua vida”. A letra de BU2B fala dessa frase de Shopenhauer e de pessoas que têm postura apática frente ao sofrimento, por serem levadas a acreditar que “é o destino”. No show as músicas Faithless, BU2B e Freewill foram tocadas em sequência, devido a tratarem de temas relacionados (a importância de tomar suas próprias decisões e viver seguindo as próprias escolhas, em lugar de viver como outras pessoas dizem que se deve viver). Foi um show inesquecível, e espero que voltem logo para o Brasil.









Power grid





Jogo para 2 a 6 jogadores, de Friedemann Friese, lançado em 2004. Os jogadores fazem o papel empresas que possuem usinas elétricas na Alemanha ou EUA. Novas usinas são compradas em leilões entre os jogadores, que depois precisarão materiais (óleo, urânio, lixo, carvão) para o funcionamento das mesmas, comprados num mercado de recursos (e seu preço depende da demanda). Segue-se a construção de redes elétricas para conectar cidades no mapa, o abastecimento das cidades (através do consumo de recursos), e, por fim, o recebimento de dinheiro (Elektros) pelas cidades abastecidas. Vence o jogador que, na última ronda, consiga abastecer o maior número de cidades. Trata-se de um jogo com vários mecanismos diferentes, o que o torna dinâmico e interessante. O leilão serve para adquirir novas usinas, mas também como forma de fazer os demais jogadores gastarem seu dinheiro, através de lances nas usinas que querem. Esse é um mecanismo arriscado e empolgante. A compra de recursos é necessária para o abastecimento de cidades, mas, como seu preço depende da demanda, esse é outro mecanismo que causa tensão, e pode seu usado de forma direta (para uso próprio) ou indireta (compra de recursos para estocar, o que aumenta o preço no mercado). As fases devem ser cuidadosamente planejadas, pois é necessário ter boas usinas, recursos e conectar cada vez mais cidades para poder receber Elektros. Sem eles o jogador fica muito limitado. A tensão do jogo está em encontrar esse equilíbrio, que depende também de perceber o que os outros jogadores pretendem, pois afeta diretamente o que você pode fazer.
Dura entre 120 e 180 minutos, dependendo da quantidade de jogadores e da sua experiência. É um jogo que envolve muito planejamento. Possui as características dos jogos modernos, ou eurogames, se preferirem, e isso é algo que gosto muito. Quase não depende de sorte e, embora algumas ações possam ser tomadas para prejudicar os outros jogadores, esse não é o objetivo do jogo. Não é necessário “destruir” ou prejudicar o outro para vencer, então não há o mesmo tipo de sentimento de frustração ou raiva que alguns sentem, por exemplo, ao jogar War. A tensão do jogo está na necessidade de cuidadoso planejamento e na expectativa do comportamento dos demais jogadores. É muito interessante e divertido, mas não é engraçado como os jogos para festas. A primeira vez que joguei, a partida durou aproximadamente três horas (éramos seis), e ninguém sentiu o tempo passar. No dia seguinte jogamos novamente. O tema combina com os mecanismos envolvidos. Conheço pessoas que se desestimularam ao pensar no tema (energia, usinas), também duvidei no início, e hoje é um dos meus jogos preferidos. Existem dois tipos de expansões diferentes: uma são diferentes mapas (incluindo um do Brasil) e a outra são diferentes usinas de energia, que, segundo li, tornam o jogo mais rápido (tenho essa, mas ainda não usei).